O sismo de 8.9 na escala de Richter que ocorreu no passada sexta-feira no Japão pode vir a ter consequências em Portugal. A Agência Meteorológica do Japão adverte para um risco elevado de, até quarta-feira, ocorrer um novo terramoto com magnitude 7 ou superior. «Quando há um sismo muito grande aumenta a sismicidade e a interacção pode ter um alcance muito longo», explica Susana Custódio, responsável pelo Laboratório de Sismologia do Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra.
A sismóloga considera, no entanto, que é difícil saber se pode vir a haver consequências em Portugal, porque não se conhecem os mecanismos de triggering, ou seja, o que despoleta o sismo.
«Sabemos que há interacções entre sismos e vulcões, mas não conhecemos bem o alcance desta interacção. É difícil prever o que poderá acontecer nos Açores», explica Susana Custódio. A investigadora ressalva o facto de Portugal estar muito longe do Japão. «Não é a coisa mais óbvia. Será de esperar mais interacção entre sismos na Indonésia, por exemplo. Mas é possível».
No Japão as placas colidem, nos Açores afastam-se
A situação sismológica dos Açores e do Japão é muito diferente. No Japão, duas placas tectónicas colidiram e uma delas, a placa do Pacífico, mergulhou sob a outra, a placa Norte-americana. Nos Açores acontece o contrário. As três placas estão a afastar-se.
«Nos Açores há três placas. Do lado Oeste temos a placa americana, do Este temos a europeia a Norte e a africana a Sul. Entre Este e Oeste há um afastamento entre as placas e a criação de uma nova crosta, por isso há muito vulcanismo. Entre a placa europeia e a africana há um movimento de desligamento lateral. Uma anda para a direita e outra para a esquerda», explica Susana Custódio.
O fenómeno de afastamento de placas é muito mais pacífico do que aqueles em que há compressão, segundo a sismóloga.
«Japão é de longe o país mais preparado para lidar com sismos»
A Agência Meteorológica do Japão adverte para um risco elevado de um novo terramoto com magnitude 7 ou superior até esta quarta-feira. «Existe 70 por cento de possibilidade disso» nos três próximos dias, de 13 a 16 de Março, afirmou o director de previsão sísmica da agência, Takashi Yokota, citado pela imprensa.
A sismóloga Susana Custódio explica que «neste momento não é possível prever sismos, no sentido de dizer onde e quando vão ocorrer». «Mas, para sismos desta magnitude, é possível haver réplicas fortes e é nesse sentido que estão a avisar a população para que esteja preparada», justifica.
A investigadora considera que «o Japão é de longe o país mais preparado para lidar com sismos». «Eles têm muito bem estudadas as falhas e sabem quais os locais que costumam deslizar, romper».
De acordo com a CNN, o sismo da passada sexta-feira fez com que a ilha de Honshu, a maior do arquipélago japonês, tivesse a sua posição geográfica deslocada em 2,4 metros. O eixo do planeta também se alterou. Moveu-se 10 centímetros.
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